terça-feira, 26 de fevereiro de 2013


As Lavadeiras de Gravatá

Nova Ponte é a cidade
É o lugar onde eu nasci
Tenho muitas saudades
Dos anos que ali vivi

 -*-*-

A cidade era dividida
Por um rio bem grandão
Do lado de cá era São Miguel
E do lado de lá São Sebastião

   -*-*-

Tinham algumas vilas
E o centro do lado de cá
Morro de pedras resfriado
E também o gravatá

   -*-*-

Ao passar por uma ponte
Rumo ao gravatá
Eu ficava a admirar
As lavadeiras, toda roupa a lavar

     -*-*-

Ficavam todas enfileiradas
Esfregando as roupas a cantar
Batendo as roupas no batedor
E nas pedras a quarar 

      -*-*-

As roupas eram levadas
Nas cabeças em uma bacia
Estendidas em arame farpado
Para secar e colhidas no fim do dia

        -*-*-

Eu ficava ali sentada
Não via as horas passar 
Quando o sol ia se pondo
É que eu lembrava, para casa voltar

                                                                 Ranulfa Pontes Fonseca 
                                              18-06-2000





Velho Fogão de Lenha


Mas que saudade que eu tenho 
Do fogão de lenha de outrora  
A gente comia tudo 
Quentinho e feito na hora

 -*-*-

Era feito de tijolos 
Revestidos com cimento
As panelas eram de ferro
Para fazer o cozimento

  -*-*-

Tinha forno pra assar
Biscoitos e bolo de fubá
Pão de queijo e broa assada
Não poderia faltar

   -*-*-

As pessoas iam aos campos
 Procurando lenha seca
Enfrentando dificuldades
Até passar debaixo da cerca

   -*-*-

Quando a lenha era grossa
Com o machado teria que cortar
Em pedaços bem pequenos
Para o fogo então pegar

    -*-*-

Quando o fogo não pegava
Tinha mesmo é que soprar
E as veias do pescoço 
Ficavam quase a arrebentar

  -*-*-

E as brasas bem vermelhas
Para o ferro de passar
Eram roupas bem branquinhas
Que teria que engomar

  -*-*-

Mesmo assim tenho saudades
Era tudo diferente
Mas a gente tudo fazia
Bem feliz e bem contente!

                                                  Ranulfa Pontes Fonseca 
03-05-2000







Luz da Vida


Mãe nome doce
Tão bonito de pronunciar
Deus te deu o privilegio 
De ser rainha do lar

 ---*-*---

Mãe que tem dentro do peito
Um amor grande e profundo
É por isso que são veneradas
Todas as mães desse mundo

   ---*-*---

Mãe que tudo faz
Pra ver seu filho crescer
Vive sempre na renuncia
Pra não vê-lo sofrer

  ---*-*---

Mãe que chora por seu filho
Que um dia foi embora
Suas lagrimas são colhidas
Pelas mãos de Nossa Senhora

  ---*-*---

Pediremos a Deus do céu
Para as mães, muito mais luz
Para que possamos caminhar
Ao encontro de Jesus

                                                                Ranulfa Pontes Fonseca 
             14-05-2000








O Beija-Flor


Beija-flor ou colibri 
Estão sempre a voar
Nas florestas ou jardins
E as flores a beijar

   -*-*-

Pra sugar seu doce mel
Para se alimentar
De plumagens coloridas
Estão sempre a brilha

    -*-*-

É um pássaro tão lindo
E de cores diferentes
De tamanho tão pequeno
Que cabe na mão da gente

    -*-*-

Voa, voa beija-flor
Por este mundo sem fim
Pra trazer boas noticias
La de longe para mim

                                                                         Ranulfa Pontes Fonseca 
                 06-10-2000







sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013





MEUS CASTELOS DE CRIANÇA


Meus castelos de criança
Que foram todos ao chão
Só me resta a saudade 
Dentro do meu coração


Eu me lembro bem ainda 
A semana inteira a sonhar
Ir para chácara do tio Neném
Para com as primas brincar


Para chegar até lá 
Passava numa pinguela 
Como minha irmã ia à frente
Eu agarrava na saia dela


Ao chegar íamos correndo
Ver a grande serra a balançar
No seu vai e vem, desce e sobe
Para a madeira serrar


Tio Neném era um artista
Fazia moveis de madeira
Eram camas, guarda roupas
Bancos, mesas e cadeiras


Lá no fundo do quintal 
Um moinho a trabalhar
Triturando todo milho
Para fazer o fubá


Tinha uma grande roda d’água
Que fazia tudo funcionar 
Pois tinha água com fartura
Que corria na bica, sem cessar


Tia Rosa na cozinha
Com um taxo de pamonha
Que corriamos pra comer
Sem um pingo de vergonha


Estas lembranças me dão mais forças 
Para viver mais um pouquinho
Relembrando as pessoas queridas 
Por quem tive um grande carinho.


                                                                                     Ranulfa Pontes Fonseca
                                                              16-03-2000







ENTARDECER


Um dia ao entardecer
Eu fiquei a escutar
Eram pássaros a cantar
Fazendo uma orquestração no ar


Passarinhos que cantavam
Suas lindas melodias
Fazendo grande algazarra 
Dizendo que acaba o dia


Eu queria ser como os pássaros
A cantar sem ter tristeza
A voar bem lá no céu
Contemplando a natureza


Como é lindo a gente ver
Pássaros a voar por aí a fora
Não devia existir nunca 
Pássaros presos nas gaiolas


                                                             Ranulfa Pontes Fonseca 
30-04-2000





A BENZEDEIRA


Quando era criança
Eu me lembro à vida inteira
Minha mãe levava a gente
Pra benzer na benzedeira

                            
Era longa a caminhada
Tinha que passar uma porteira
Mas pra gente tudo era festa
Na base da brincadeira
                            

Tínhamos que ficar sentadas
Bem quietinhas num banquinho
Preta veia cochichava 
Com as mãos cheias de raminhos
                            

Abria a boca e dizia ai-ai
Pra afastar o mau olhado
A gente queria rir
Com olhar desconfiado
                            

Isto quase não existe mais
É difícil de encontrar
Se encontrar, prepare o bolso
Que terá que pagar.

                                                        Ranulfa Pontes Fonseca
04-05-2000